quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Vida...

vida boa é na beira do mar

Deslocados, os surfistas andam pelo solo. acabam boiando quando longe de onde se sentem mais confortáveis. eles são do mar. lá eles flutuam. é mergulhando que o menino peixe respira aliviado, esquece o peso dos pés e relaxa. a agonia fica por conta das horas que passa longe do que lhe parece natural. A maior das casas. Onde é tudo e nada, nada mais.

Apressados, os homens correm pelo concreto. carregam nas costas a dureza da cidade, são tomados pelo negro do asfalto e pisam com pés de blocos maciços e cinzentos. fogem da trilha das buzinas para o acalanto das ondas que quebram na beira-mar. Junto com as ondas, pulam a rotina e caminham pelas águas. se permitem fluir, ninar. se entregam ao balanço, ficam maleáveis, se deixam influenciar.

E então vão na onda. hipnotizados, bailando ao som que reverbera de além do horizonte. E assim se deixam levar pelo imaginário, o ideal em dias tão sólidos.

Abraçados pela válvula de escape da terra firme.

Leves, os pássaros batem asas por aí. podem ir a quase todo lugar. mas até eles que tem o céu, abrem mão do mar. deixam de voar, sonho de tanta gente, para molhar os pezinhos num banho de sal. quanta doçura. só partem em revoada quando a água avança. vez por outra pousam novamente, brincam de “olha a onda!”, viram crianças. depois da diversão voltam para o ar.

Mas vezenquando resolvem obedecer a gravidade e tornam a descer pra lá.

Azul, verde, marrom, transparente, a imensidão contorna o mundo. é comunhão de sentidos, cores, tipos. por tantas peculiaridades se torna plural. bem querer geral e particular. e por ser ao mesmo tempo muitos e um só, que aqui aparece assim, cru, “preto no branco”, indo além da força de expressão. cabe ao observador pintar da cor que desejar, lembrar ou sonhar. na terra, cada um tem seu ( a)mar.

Contribuição da xu...