quinta-feira, 14 de maio de 2009

Terence McKenna - A Cultura é o Seu Sistema Operacional

Vejo-me concordando com o eminente filósofo de Cambridge, Dr. C. D. Broad, "que devemos considerar a sugestão de que a função do cérebro humano, do sistema nervoso e dos órgãos sensórios é principalmente eliminativa, e não produtiva" . A função do cérebro e do sistema nervoso é proteger-nos de sermos soterrados e confundidos por essa massa de conhecimento inútil e, em sua maioria, irrelevante, deixando de fora a maior parte do que, em caso contrário, perceberíamos ou recordaríamos a qualquer momento e deixando apenas aquela seleção muito pequena e especial que tem probabilidade de uso prático. De acordo com essa teoria, potencialmente cada um de nós é Mente Livre. Mas como somos animais, nosso negócio é sobreviver a todo custo. Para tomar possível a sobrevivência biológica, a Mente Livre precisa ser afunilada através da válvula redutora do cérebro e do sistema nervoso. O que sai do outro lado é um mísero fiapo do tipo de consciência que nos ajudará a permanecer vivos na superfície deste planeta em particular. Para formular e expressar o conteúdo dessa

consciência reduzida, o homem inventou e elaborou infinitamente os sistemas simbólicos e as filosofias implícitas a que chamamos de linguagens. Cada indivíduo é ao mesmo tempo beneficiário e a vitima da tradição lingüística em que nasceu. Aquilo que, na linguagem da religião, é chamado de "este mundo" é o universo da consciência reduzida, expressa e, pode-se dizer, petrificada pela linguagem. Os vários"outros mundos" com os quais os seres humanos fazem contato erraticamente são elementos

da totalidade da consciência pertencente à Mente Livre. (... ) Desvios temporários podem ser obtidos espontaneamente ou em resultado de "exercícios espirituais" deliberados ( ... ) ou através de drogas. O que Huxley não menciona é que as drogas, especificamente os alucinógenos vegetais, podem abrir confiável e repetidamente as comportas da válvula redutora da consciência e expor o indivíduo à força absoluta do Tao gigantesco. O modo como internalizamos o impacto dessa experimentação do Indizível, seja através de psicodélicos ou de outros meios, é generalizar e extrapolar nossa visão de mundo através de atos de imaginação. Esses atos de imaginação representam nossa resposta adaptativa às informações relativas ao mundo exterior que nos é apresentado através dos sentidos. Em nossa espécie, softwares sintáticos específicos para cada cultura e situação, sob a forma de linguagem, podem

competir com o mundo instintivo do restrito comportamento animal e algumas vezes substituí-lo. Isso significa que podemos aprender e comunicar experiências, e assim deixar para trás comportamentos mal- adaptativos.

Podemos reconhecer coletivamente as virtudes da paz sobre a guerra

ou da cooperação sobre a disputa. Podemos mudar.


McKenna - A Cultura é o Seu Sistema Operacional




Um comentário:

Consultora Sentimental disse...

Mente livre, experimentação do indizível. olha acho que a minha mente de tanto ser bombardeada por tantas exigências informacionais acabou fortalecendo o filtro para q eu continue serena como uma pluma. budismo? n . é só uma nova maneira de viver apenas aquilo que eu escolher pra mim. o texto é bastante oportuno amigo.interesso-me sobremaneira sobre questões linguísticas.
um grande abraço!
Karoliny Passos